A Imagem original de Nossa Senhora
Aparecida sofreu um atentado em 16 de maio de 1978, sendo quebrada em mais de
duzentos pedaços. Na ocasião, a Imagem foi levada ao Museu de Arte de São Paulo
(MASP), onde o fundador, professor Pietro Maria Bardi, a encaminhou à artista
plástica e chefe do Departamento de Restauração, Maria Helena Chartuni.
Na terça-feira, dia 16 de
maio de 1978, às 20h10min, a Imagem original de Nossa Senhora Aparecida foi
destruída em mais de 200 pedaços.
Tudo concorria
para consumar esse trágico acontecimento, pois horas antes o Vale do Paraíba
havia sido atingido por forte temporal, que interrompeu o fornecimento de
energia elétrica na cidade de Aparecida (SP). Protegido pelas trevas que se
fizeram, Rogério Marcos de Oliveira de 19 anos, pulou subindo no
nicho da Imagem original de Nossa Senhora Aparecida, quebrou o vidro protetor
no terceiro golpe, retirou a Imagem
de seu nicho na Basílica Velha e, num momento de insanidade, quando os
seguranças se aproximaram para reaver a Imagem, ele a jogou, violentamente, no
chão.
A Imagem de
terracota (barro cozido), aquela que fora pescada em outubro de 1717, nas águas
barrentas do Rio Paraíba do Sul, o símbolo do Brasil, a Rainha e Padroeira de
nossa Pátria, jazia no piso da Basílica, destruída em centenas de pedaços. Seus
fragmentos foram recolhidos e guardados pelos Padres, na esperança de que fosse
reconstituída. A triste notícia se espalhou pelo País por meio da imprensa
escrita, Rádio e TV, causando enorme comoção.
Examinando
cuidadosamente os fragmentos, a pintora, escultora e restauradora do Museu de
Arte de São Paulo, Maria Helena Chartuni, contou mais de 200 pedaços, mas
aproveitáveis para a reconstrução foram apenas 165. O restante, reduzido a pó,
foi misturado com a cola e utilizado no interior da Imagem, auxiliando sua
consolidação.
Maria Helena
iniciou seu trabalho no dia 29 de junho. Fechou-se numa sala do Masp, à
qual só tinha acesso o professor Bardi, que mandou trocar o segredo da
fechadura da porta e recomendou sigilo aos funcionários. Para a imprensa,
constava que técnicos do Vaticano viriam a São Paulo para recuperar a
imagem. A informação correta só foi dada no dia 31 de julho, após 33
dias ininterruptos de trabalho.
O trabalho
começou com a identificação dos fragmentos, separando-os em um papel branco
encorpado para depois iniciar a montagem. Cada fragmento foi limpado de uma
resina de silicone vermelha, usada em passado recente para tirar e vender
cópias da imagem. Foi preciso limar pequenos excessos na colagem de escamas
internas para iniciar a junção do corpo à base. Com o impacto da queda, as
medidas tinham-se alterado.
A
imagem de terracota ia adquirindo sua aparência original , à medida que os
fragmentos se ajustavam. Maria Helena montou tudo com fita adesiva
transparente, antes da colagem definitiva. Usou uma cola argentina
(Poxipol), à base de epóxi, que resiste à corrosão, a ácidos, solventes,
produtos químicos e a temperaturas de até 180 graus, produto sem similar
no mercado nacional na época.
A
restauradora recuperou a cor acanelada que a imagem tinha quando foi pescada no
Rio Paraíba. A policromia que provavelmente cobria a pequena Nossa
Senhora de terracota havia desaparecido por causa das águas barrentas
e pela fumaça do fogão de lenha e dos candeeiros das casas dos
pescadores.
Maria
Helena considera ter feito um trabalho perfeito, apesar das dificuldades da
restauração, um desfio profissional.
Confira as fotos:
A imagem ficou maravilhosa depois do restauro.
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