Rainha e Padroeira do Brasil

quarta-feira, 16 de maio de 2018

2018: 40 anos do atentado e do restauro da Imagem de Aparecida




A Imagem original de Nossa Senhora Aparecida sofreu um atentado em 16 de maio de 1978, sendo quebrada em mais de duzentos pedaços. Na ocasião, a Imagem foi levada ao Museu de Arte de São Paulo (MASP), onde o fundador, professor Pietro Maria Bardi, a encaminhou à artista plástica e chefe do Departamento de Restauração, Maria Helena Chartuni.








 
Na terça-feira, dia 16 de maio de 1978, às 20h10min, a Imagem original de Nossa Senhora Aparecida foi destruída em mais de 200 pedaços.
Tudo concorria para consumar esse trágico acontecimento, pois horas antes o Vale do Paraíba havia sido atingido por forte temporal, que interrompeu o fornecimento de energia elétrica na cidade de Aparecida (SP). Protegido pelas trevas que se fizeram, Rogério Marcos de Oliveira de 19 anos, pulou subindo no nicho da Imagem original de Nossa Senhora Aparecida, quebrou o vidro protetor no terceiro golpe, retirou a Imagem de seu nicho na Basílica Velha e, num momento de insanidade, quando os seguranças se aproximaram para reaver a Imagem, ele a jogou, violentamente, no chão.
A Imagem de terracota (barro cozido), aquela que fora pescada em outubro de 1717, nas águas barrentas do Rio Paraíba do Sul, o símbolo do Brasil, a Rainha e Padroeira de nossa Pátria, jazia no piso da Basílica, destruída em centenas de pedaços. Seus fragmentos foram recolhidos e guardados pelos Padres, na esperança de que fosse reconstituída. A triste notícia se espalhou pelo País por meio da imprensa escrita, Rádio e TV, causando enorme comoção.
Examinando cuidadosamente os fragmentos, a pintora, escultora e restauradora do Museu de Arte de São Paulo, Maria Helena Chartuni, contou mais de 200 pedaços, mas aproveitáveis para a reconstrução foram apenas 165. O restante, reduzido a pó, foi misturado com a cola e utilizado no interior da Imagem, auxiliando sua consolidação.
Maria Helena iniciou seu trabalho no dia 29 de junho. Fechou-se numa sala do Masp, à qual só tinha acesso o professor Bardi, que mandou trocar o segredo da fechadura da porta e recomendou sigilo aos funcionários. Para a imprensa, constava que técnicos do Vaticano viriam a São Paulo para recuperar a imagem. A informação correta só foi dada no dia 31 de julho, após 33 dias ininterruptos de trabalho. 
O trabalho começou com a identificação dos fragmentos, separando-os em um papel branco encorpado para depois iniciar a montagem. Cada fragmento foi limpado de uma resina de silicone vermelha, usada em passado recente para tirar e vender cópias da imagem. Foi preciso limar pequenos excessos na colagem de escamas internas para iniciar a junção do corpo à base. Com o impacto da queda, as medidas tinham-se alterado.
A imagem de terracota ia adquirindo sua aparência original , à medida que os fragmentos se ajustavam. Maria Helena montou tudo com fita adesiva transparente, antes da colagem definitiva. Usou uma cola argentina (Poxipol), à base de epóxi,  que resiste à corrosão, a ácidos, solventes, produtos químicos e a temperaturas de até 180 graus, produto sem similar no mercado nacional na época.
A restauradora recuperou a cor acanelada que a imagem tinha quando foi pescada no Rio Paraíba. A policromia que provavelmente cobria a pequena Nossa Senhora de terracota havia desaparecido por causa das águas barrentas e pela fumaça do fogão de lenha e dos candeeiros das casas dos pescadores. 
Maria Helena considera ter feito um trabalho perfeito, apesar das dificuldades da restauração, um desfio profissional. 

Confira as fotos: