Rainha e Padroeira do Brasil

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Conhecendo um pouco mais sobre Nossa Senhora Aparecida

Estudos sobre a Imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida

Nossa Senhora Aparecida! – é a filial invocação do povo brasileiro à Mãe de Deus em qualquer eventualidade particular ou pública, tanto nos momentos de agradável surpresa como em horas de perigo. É uma interjeição espontânea, característica do Brasil!
            Sua figura já indelével na história e em todas as suas gravuras é uma imagem de Nossa Senhora evocativa de sua Conceição Imaculada, porém, de cor escura em virtude do material em que fora confeccionada, (terracota = barro cozido), e revestida do manto que lhe dá a “tradicional forma triangular de larga base”.
É, pois, uma das muitas estátuas representativas de Maria, a Virgem de Nazaré, Mãe de Jesus Cristo.


Imagem de Nossa Senhora Aparecida sem o tradicional manto e sem a coroa


Em sua análise iconográfica, a Imagem de Nossa Senhora “Aparecida” tem os traços característicos das mais antigas e muito conhecidas imagens convencionais da Imaculada Conceição trazidas de Portugal ou da Espanha, sobretudo, bastante semelhante àquela, sob esse título, a primeira vinda para o Brasil e à qual se liga a lembrança de seu primeiro apóstolo entre nós, e por isso conhecida com o nome de “A Virgem de Anchieta”.


Imagem original (histórica) encontrada em 1717



A Imagem histórica (original) de Nossa Senhora [da Imaculada Conceição] Aparecida é antiga e verdadeiramente artística, muito bem confeccionada, linda, se bem examinada; é, em linhas gerais uma efígie de Maria – a Imaculada – graciosa em seu aspecto de jovem donzela, de fronte ornada, pisando a lua, de mãos postas em prece, olhando, porém, para a terra.
Não obstante, na sua escultura já possuir um manto sobre a túnica e em dobras nos braços, acrescentou-lhe logo um “sobre-manto” de veludo azul, da cabeça aos pés e em forma triangular, encimado pela coroa de ouro, para melhor simbolizar ser a Mulher, por ela figurada, Intercessora e Protetora que a todos acolhe como Mãe e Rainha.



Coroa doada pela princesa Isabel em 1884.


Manto doado pela princesa Isabel em 1868.


É dessa forma que todos habituaram a identificar Nossa Senhora “Aparecida”; entretanto, sem este manto “postiço” é a tradicional Imagem da Virgem Imaculada.

Pequena e singela, a Imagem histórica mede apenas 36 centímetros de altura (sem o pedestal de prata); é uma escultura de barro (terracota) e não de madeira, como muitos pensam, pesando 2,550 quilos de peso.
Colhida do rio em partes separadas, cabeça e corpo foram simplesmente ajuntados e colados pelos próprios pescadores, com material frágil de cera e um tanto inclinada.
Como foi comprovado por peritos, era originalmente policromada[1]: tez (pele) branca do rosto e das mãos, com manto azul escuro e forro vermelho granada. Estas eram as cores oficiais e significativas do Padroado e Realeza de Maria sobre Portugal e suas Colônias, conforme determinação de Dom João IV, do ano de 1646, com as quais se deviam ornar as imagens do título da Imaculada Conceição. O Dr. Pedro de Oliveira Ribeiro Neto e os peritos do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP), Dr. Pietro Maria Bardi, Dr. João Marino e a restauradora, Maria Helena Chartuni, concluem, por vestígios encontrados na própria Imagem, que ela era originalmente policromada nas cores oficiais azul e vermelho grená. Concluem ainda que, pelo fato de ficar por muitos anos submersa no lodo das águas, e posteriormente exposta ao lume e à fumaça dos candeeiros[2], velas e tochas, quando ainda se encontrava em oratório particular dos pescadores e na capelinha do Itaguaçu, a Imagem de Nossa Senhora Aparecida adquiriu a cor que hoje conserva: castanho brilhante. A esse respeito afirma o Dr. Pedro de Oliveira Ribeiro Neto: “Sob a pátina[3] morena da Imagem, como verniz criado pelo uso e pelo tempo, fica escondido o barro paulista”.
O manto e a coroa foram colocado quando o culto à singela Imagem se tornou público, não só para disfarçar a quebra do pescoço, mas também como um gesto de carinho e amor dos devotos. A peanha (pedestal) de prata foi mandada colocar pelo pároco de Guaratinguetá, Cônego Benedito Teixeira da Silva, em 1875. Manto e coroa da Imagem já constam de um inventário da Capela do ano de 1750, conservado no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida-SP.
Despida das cores originais, enegrecida e quebrada, a Imagem de Aparecida se tornou objeto da devoção carinhosa de nosso povo, que, em grande escala, sobretudo a partir daquela época, se fundia no amálgama[4] das culturas e das raças branca, negra e indígena, formando sua própria identidade étnica e religiosa.



 
Coroa original (doada pela princesa Isabel)
 
Um dos mantos usados na Imagem

Coroa comemorativa: centenário da Coroação (2004)



[1] 1. Estado de um corpo em que há muitas cores. 2. Conjunto de diferentes cores.
[2] s. m. 1. Utensílio de várias formas, em que se coloca azeite, querosene ou gás inflamável para iluminação.
[3] s. f. 1. Oxidação das tintas pela ação do tempo e sua transformação gradual pela ação da luz.
[4] 1. Mistura ou ajuntamento de pessoas ou coisas diferentes.


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